O Pantanal, uma das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo, é monitorado de perto por diversas instituições que trabalham para garantir sua preservação. Entre essas, a Polícia Científica de Mato Grosso do Sul tem se destacado, desempenhando um papel fundamental na investigação das causas dos incêndios, contribuindo para o seu combate e ajudando a proteger o bioma.
O perito criminal Cícero Wagner Calixto dos Santos, que frequentemente realiza exames periciais em locais de incêndio, explica que o trabalho começa ainda antes de chegar ao local. “Com base nos levantamentos preliminares realizados por meio de imagens de satélite, é feito um roteiro de deslocamento até as áreas atingidas pelo fogo, com o apoio da CGPA (Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo), que transporta a equipe por meio de helicóptero até o local determinado, para que então os exames possam ser realizados por via terrestre”, destaca.
“A ideia é entender o trajeto que o fogo fez. A partir das análises dos vestígios remanescentes, conseguimos determinar a origem do incêndio e como ele se espalhou”, acrescenta. A precisão no trabalho é essencial para desvendar as causas e apoiar as ações de prevenção.
Em campo, os peritos criminais utilizam GPS de trilha, câmeras fotográficas e drones para registrar os pontos de interesse. “Além disso, contamos com imagens diárias de satélites e softwares especializados para análise e edição dos dados coletados”, explica. O uso dessas tecnologias permite que a equipe atue de maneira coordenada, mesmo em áreas de difícil acesso.
Desafios como terreno irregular, fumaça densa e até animais peçonhentos, exigem atenção, mas as equipes estão preparadas e seguem protocolos rigorosos para garantir a segurança e a qualidade dos exames.
Avanços recentes e parcerias estratégicas
A cooperação é um fator essencial para o sucesso dos trabalhos da Polícia Científica. “Além da parceria com a CGPA para o translado das equipes, a instituição conta com a colaboração do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e da PMA (Polícia Militar Ambiental), que nos oferecem suporte na troca de informações e no apoio por terra,” afirma o perito criminal.
Desde janeiro deste ano, a Polícia Científica foi requisitada pelo MPMS e pela Polícia Civil para proceder exames em 77 locais relacionados a incêndios florestais, sendo analisados até o momento 31.663 hectares no estado. Esse trabalho envolve diretamente peritos criminais do Núcleo de Perícias Ambientais e também do interior.
Os laudos periciais elaborados são fundamentais para a responsabilização criminal dos culpados pelos incêndios. Além disso, essas análises também subsidiam o desenvolvimento de políticas públicas focadas na preservação e proteção do bioma, ajudando a prevenir novos focos de incêndio.