A Polícia Científica de Mato Grosso do Sul alcançou um marco na segurança pública com a identificação de seu primeiro “hit” balístico. Este avanço, viabilizado pelos recentes investimentos em tecnologia de ponta com suporte dos governos estadual e federal, destaca a nova capacidade policial de identificar o uso de uma mesma arma de fogo de diferentes locais de crime.
A eficácia dos exames periciais foi possível graças à implementação do Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab) no estado, bem como em outras unidades da federação e na Polícia Federal. Este progresso segue a criação do Banco Nacional de Perfil Balístico (BNPB), estabelecido pelo Decreto nº 10.711 de 2 de junho de 2021 do Ministério da Justiça.
“Alcançamos nosso primeiro hit balístico ao vincular estojos (conhecidos popularmente como cápsulas) de locais de crimes diferentes,” afirma o diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Científica, Emerson Lopes dos Reis. “As marcas únicas deixadas pelas armas que dispararam esses estojos nos permitiram rastrear a trajetória de uma arma específica através de várias infrações criminais.”
Contexto do primeiro hit
A Polícia Científica, por meio do Instituto de Criminalística, estabeleceu uma conexão entre uma série de incidentes violentos ocorridos em 2023 em Campo Grande, que incluíram tentativas de homicídio e lesão corporal dolosa, com um caso de homicídio doloso em 2024 também na mesma cidade. Essa relação foi possível graças à recuperação e caracterização de vários vestígios balísticos durante os levantamentos periciais de locais de crime, realizados por equipes do Núcleo de Perícias Externas.
Os estojos recuperados foram triados e analisados pelo Núcleo de Balística Forense e submetidos ao Banco Nacional de Perfis Balísticos (BNPB). Após uma nova análise pericial, confirmou-se que os casos ocorridos em diferentes bairros e datas foram perpetrados utilizando a mesma arma de fogo.
Trabalho em Equipe
“O processo começa com uma coleta meticulosa e uma análise microscópica, antes de integrarmos os dados ao banco federal,” explica Reis. Após a coleta, armas e munições são avaliadas por um sistema que identifica compatibilidades, conhecidas como “hits”. Quando um hit foi confirmado, os peritos determinam se a arma foi usada em um crime específico ou em múltiplos incidentes. Os resultados foram então formalizados e enviados à autoridade policial.
Reis enfatiza a dinâmica introduzida pela tecnologia no trabalho policial. “Passamos de uma abordagem reativa para uma muito mais ativa,” destaca. Ele também ressalta a necessidade do elemento humano: “O equipamento é muito importante, mas depende da análise precisa de profissionais qualificados. Somente os laudos finais confirmam as informações obtidas.”
José de Anchieta Souza e Silva, coordenador-geral de Perícias, celebra os avanços: “Este é um grande progresso não só para nossa instituição, mas para toda Segurança Pública, apoiado nos recentes investimentos do governo e na dedicação de nossa equipe em buscar justiça por meio da ciência”.
Perspectivas
Karina Rébulla Laitart, chefe do Núcleo de Balística Forense (NBF) da Polícia Científica, é otimista quanto a expansão dos casos de hit: “Já inserimos cerca de 253 elementos balísticos no banco e esperamos que esse número cresça exponencialmente nos próximos meses,” relata a perita criminal já antecipando que mais casos serão resolvidos à medida que mais dados forem vinculados.
As informações produzidas pela Rede Integrada de Bancos Balísticos, da qual Mato Grosso do Sul faz parte, são essenciais para a elaboração de estratégias eficazes de redução da criminalidade.
Sinab
O Sinab (Sistema Nacional de Análise Balística) tem por objetivo fornecer informações estratégicas para auxiliar o sistema de segurança pública do país a compreender os padrões dos crimes com armas de fogo suspeitas, compartilhamento de armas para cometimento de crimes, atividades criminosas ligadas ao narcotráfico, grupos de extermínio e organizações criminosas.
Assessoria Polícia Científica