Em Campo Grande, mais de 400 pessoas buscaram no mutirão “Meu Pai Tem Nome” o direito à identidade. A Polícia Científica realizou 119 coletas de DNA, dando esperança a famílias que aguardavam por respostas.
Realizado no sábado (16) pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, em parceria com o Condege (Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais), o mutirão contou com a participação da Polícia Científica por meio do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (IALF). Uma equipe formada por 10 peritos criminais e 2 agentes atuou em Campo Grande na coleta de material genético.
Além disso, o IALF também capacitou servidores da Defensoria Pública em treinamentos presenciais e virtuais, garantindo que a coleta fosse realizada de forma padronizada em outras cidades do Estado. Todos os exames feitos durante o mutirão em Mato Grosso do Sul serão processados pela Polícia Científica, assegurando rigor técnico e confiabilidade nos resultados.
Histórias de famílias transformadas pela ciência
Entre os atendimentos, o caso dos irmãos Norma, Antonio e Marilza Ximenes chamou atenção. “Meu pai tinha um terreno, nós três somos irmãos e temos direito, mas só eu tenho o sobrenome. Com esse exame vamos poder resolver”, contou Norma.
- Norma e os três irmãos durante a coleta de material genético.
A jovem Alícia Silva, de 18 anos, também participou do mutirão ao lado do namorado Wesley Farias, em busca do reconhecimento da paternidade da filha de quatro meses. “Não estamos numa relação, mas esse passo é importante para garantir os direitos dela”, afirmou.
- Alícia busca os direitos de sua bebê.
DNA como instrumento de cidadania
Além das coletas realizadas pela Polícia Científica, o mutirão envolveu mediadores que viabilizaram reconhecimentos de paternidade voluntários. Segundo a Arpen-MS (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul), mais de 1,2 mil pessoas foram registradas sem o nome do pai no estado somente em 2025.
Para a diretora do IALF, perita criminal Josemirtes Prado da Silva, a parceria reforça o compromisso social da instituição: “Com esse trabalho conjunto com a Defensoria Pública, conseguimos oferecer muito mais do que um exame: garantimos às pessoas e famílias o direito de ter sua identidade reconhecida.”
O defensor público Marcelo Marinho, coordenador do Núcleo da Família e Sucessões, também destacou: “Uma grande barreira nesses reconhecimentos de paternidade é a realização do exame, então isso facilitou o acesso às pessoas que mais precisam à justiça.”
Mutirão em todo o Estado
Organizado pelo Nufam (Núcleo de Família e Sucessões) da Defensoria Pública, em parceria com o Condege, o mutirão busca ampliar o acesso ao reconhecimento de paternidade e maternidade, inclusive socioafetiva. Em Mato Grosso do Sul, além de Campo Grande, a ação também ocorreu em outras cidades, com apoio da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e da Polícia Científica, por meio do IALF.
Ao integrar ciência forense e cidadania, a Polícia Científica reafirma seu compromisso de atuar em prol da população sul-mato-grossense, garantindo justiça, dignidade e identidade para quem mais precisa.
Maria Ester Jardim Rossoni
Assessoria de Comunicação – Polícia Científica