Um estudo publicado na Revista Brasileira de Criminalística neste mês tem chamado a atenção dos especialistas na área. Intitulado “Natural environment: protocol to recover pollen grains on the bodies”, o trabalho apresenta um protocolo eficiente para a amostragem de grãos de pólen coletados na pele de cadáveres. Os autores do estudo são Wedney Rodolpho de Oliveira, Ariadne Barbosa Gonçalves, Rodolfo de França Alves, Sergio Augusto de Miranda Chaves, Arnildo Pott, Karl Jan Reinhard, Karen Cristine Bezerra da Silva Santos e Hemerson Pistori.
Este estudo representa uma contribuição valiosa para a área da Criminalística e sua publicação é uma demonstração do esforço e do comprometimento dos autores com a pesquisa científica e a busca da verdade.
A Revista Brasileira de Criminalística é uma publicação científica que tem como objetivo divulgar trabalhos relacionados à criminalística, incluindo temas como análise de provas, perícia, investigação criminal e outros assuntos relacionados à justiça criminal.
Wedney Rodolpho de Oliveira, um dos autores deste importante artigo, é Perito Criminal há 20 anos na Coordenadoria-Geral de Perícias de Mato Grosso do Sul, Coordenador e Autoridade Sindicante da Coordenadoria de Apuração de Procedimentos, Orientação e Correição, é um doutorando em andamento em Biotecnologia na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e está atualmente trabalhando em um projeto intitulado “Stealth body?s?: uso de imagens térmica para localização e cronotanatognose de cadáveres em locais de crime” sob orientação da Dra. Carina Elise de Oliveira. Ele é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e tem mestrado em Biotecnologia também pela UCDB, com o título “Obtenção de DNA vertebrado a partir do tubo digestório de larvas necrofágicas” obtido em 2014. Ele também tem especialização em Direito Criminal pela UCDB, graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Anhanguera – Uniderp e graduação em Direito pela UCDB.
No artigo “Natural environment: protocol to recover pollen grains on the bodies” publicado na Revista Brasileira de Criminalística, os autores relatam um protocolo eficiente e rápido para a amostragem de grãos de pólen coletados na pele de cadáveres. Oito cadáveres foram analisados usando algodão e algumas gotas de glicerina para esfregar os corpos. Com isso, foi possível recuperar um total de 134 grãos de pólen dos cadáveres e identificar 16 famílias de plantas. O protocolo apresentado pode ser usado não só em casos forenses, mas também em outras aplicações palinológicas, uma vez que esfregar algodão em uma superfície, objeto ou animal pode ser uma maneira fácil de capturar grãos de pólen.
O estudo destaca a importância da palinologia forense no auxílio à investigação criminal, já que os grãos de pólen encontrados em um corpo podem ajudar a identificar o local onde o crime foi cometido e, consequentemente, levar à captura do criminoso. No entanto, os autores também mencionam que a perícia brasileira raramente utiliza a botânica devido à falta de especialistas nesta ciência para sua aplicação em casos reais. Este protocolo apresentado é uma forma de resolver essa questão e tornar a palinologia forense mais acessível e utilizada no país.
O artigo também discute as precauções de segurança tomadas em todas as etapas do protocolo para evitar qualquer contaminação da amostra de pólen e garantir a confiabilidade dos resultados obtidos. Além disso, os autores sugerem que essa técnica também pode ser utilizada em outros casos, como no estudo de movimentos de indivíduos e animais, e na investigação de crimes ambientais.
O estudo aborda também a importância da interdisciplinaridade entre as ciências, especialmente entre a biotecnologia e a criminalística. A combinação de conhecimentos e técnicas de ambas as áreas permite o desenvolvimento de novas ferramentas e metodologias para a investigação criminal, aumentando a eficiência e precisão dos resultados obtidos.
O Perito Criminal Wedney Rodolpho de Oliveira, com sua formação em Ciências biológicas, Direito e Biotecnologia, é um exemplo dessa interdisciplinaridade possuindo uma visão ampla e multidisciplinar para aplicar seus conhecimentos científicos para solucionar problemas relacionados à criminalística.
O estudo completo pode ser lido clicando aqui.
Sobre a Palinologia Forense
A perícia palinológica baseia-se no princípio da troca de Locard, que diz que dois objetos colocados em contato sempre irão transferir material entre si. Isso torna o pólen uma ferramenta valiosa para os peritos criminais, devido à sua alta resistência à degradação, facilidade de aderência às superfícies, tamanho pequeno e morfologia distinta, que permite relacioná-lo a uma espécie específica. Assim como os grãos de pólen, os esporos também são pequenos e podem passar despercebidos, mas a diferença é que eles são mais difíceis de serem identificados e relacionados a uma espécie específica.
É importante destacar que a ciência tem um papel fundamental na solução de crimes, pois as técnicas avançadas de análise de evidências permitem identificar suspeitos, reconstruir cenas de crime e fornecer provas precisas em tribunais. A perícia palinológica é apenas um exemplo de como a ciência pode ser usada para esclarecer questões cruciais na investigação de um crime e ajudar a trazer justiça para as vítimas e suas famílias.

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Maria Ester, Assessoria CGP