No cenário de avanços contra a violência de gênero, o mês de enfrentamento à violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul apresentou uma redução notável de 36% nos casos de feminicídio durante janeiro a julho, atingindo o nível mais baixo dos últimos 7 anos. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) revela que, nos últimos 7 meses, 16 mulheres foram vítimas de feminicídio, uma diferença considerável em relação aos 25 casos registrados no mesmo período do ano anterior.
No intuito de promover uma capacitação contínua sobre o assunto, a Polícia Científica realizou o 1º Encontro de Aperfeiçoamento e Padronização de Protocolos por meio do Instituto de Criminalística. Esse evento ganha ainda mais destaque ao unir forças através do Núcleo de Perícias Externas (NPE), em colaboração com os Setores de Crimes Contra a Vida (SCCV) e Crimes Contra o Patrimônio (SCCP), para enfrentar os desafios dos exames periciais relacionados a casos de feminicídio e outros incidentes. Através de uma abordagem minuciosa e técnica, a Polícia Científica transforma os vestígios das cenas de crimes em peças cruciais para a administração da justiça, contribuindo para a identificação e punição dos agressores, reforçando assim os passos positivos alcançados na batalha contra a violência de gênero.
A perita criminal Karina Rébulla Laitart, Chefe do NPE, enfatizou que o encontro ressaltou a importância de abordar esses casos com uma perspectiva holística. Laitart frisou que “as razões de gênero que podem estar presentes nas mortes violentas de mulheres devem ser meticulosamente buscadas, seguindo um rigor metodológico e criterioso. Isso implica considerar cada marca ou indício potencialmente associado à motivação misógina e sexista do agressor, assim como a conduta assumida durante a execução do crime.” Além disso, ela enfatizou que, por meio de aprimoramentos contínuos, as equipes de peritos criminais e agentes de polícia científica do NPE, SCCV e SCCP estão sendo capacitadas para adotar um olhar sensível e diferenciado diante de situações que abrangem diversas formas de violência, como física, sexual, moral, psicológica e patrimonial. Tais aprimoramentos permitem uma compreensão mais profunda, inclusive reconhecendo que essas formas de violência podem ter se iniciado muito antes do desfecho fatal.
A Polícia Científica reitera seu compromisso em buscar soluções que garantam a justiça e a segurança das mulheres, não apenas durante o Agosto Lilás, mas em todos os meses do ano. Esse esforço contínuo reflete não apenas na resolução de casos, mas também na construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
Como denunciar
Mato Grosso do Sul conta com uma rede de proteção às mulheres vítimas de violência. Para fazer denúncia anônima, basta ligar para o telefone 180. Para acionar a polícia, tem também o telefone 190. O Disque 100 recebe denúncias relativas a violações de Direitos Humanos, como os relacionados às crianças e adolescentes. O Estado conta ainda com 30 Salas Lilás, dedicadas exclusivamente para atender mulheres, adolescentes e crianças vítimas de violência doméstica ou sexual ou em situação de vulnerabilidade.